quinta-feira, 7 de novembro de 2013

A Ronca | Ivo Flores



Ivo Flores | A Ronca (Alexandre Pinheiro Torres/ Ivo Flores) |Quando tomba o nevoeiro,/ a Ronca surda golpeia/ o cinzento traiçoeiro/ que devora o rés da areia | e, aos barcos que além da barra/ têm apenas sol de bruma,/ acena onde fica a terra/ com um braço que a não verruma | Sob a neblina e ao som/ da Ronca a Póvoa estremece:/ agitação de que o mar/ se torna eco depressa, | sendo mais altas as vagas/ que batem no paredão,/ e mais sinistras as patas/ com que caminha e diz não | à ansiedade que enrouquece/ no mugido que se lança/ sobre a Póvoa que remexe/ as chagas que já são tantas| Horas e horas de Ronca/ que é bandeirante do mar,/ lançada em círculos, tonta,/ os barcos a querer achar, | espadeirando a floresta-/ -virgem de um oceano mudo,/ onde pretende abrir brecha/ a lâmina em tal escudo | Atira-se a Ronca girando/ em torno ao próprio som, contra/ o penedumbre e mai'las ondas/ Só a si, porém, se encontra | na cerração com que fala;/ e lança então esse grito/ que no eco doutro instala/ o silêncio do conflito

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